O papa
Francisco classificou neste domingo como pecado que imigrantes e moradores dos
países que os recebem se recusem a conhecer-se e integrar-se por um medo que,
ainda que "legítimo", não deve alimentar o ódio e a rejeição. "Não é fácil entrar na
cultura que nos é alheia, pôr-nos no lugar de pessoas tão diferentes de nós,
compreender seus pensamentos e suas experiências", declarou o pontífice em
uma missa com refugiados realizada durante a Jornada Mundial dos Imigrantes.
Francisco
disse que, perante esta dificuldade, "frequentemente renunciamos ao
encontro com o outro e levantamos barreiras para defender-nos". "As
comunidades locais, às vezes, temem que os recém-chegados perturbem a ordem
estabelecida, 'roubem' algo que se construiu com tanto esforço. Mesmo os
recém-chegados têm medos: temem a confrontação, o julgamento, a discriminação,
o fracasso", destacou.
O
papa reconheceu que estes medos "são legítimos" por estarem baseados
em "dúvidas que são totalmente compreensíveis do ponto de vista
humano". No entanto, sustentou que duvidar "não é um pecado",
mas sim permitir que "estes medos determinem nossas respostas, condicionem
nossas escolhas, comprometam o respeito e a generosidade, alimentem o ódio e a
rejeição".
"O
pecado é renunciar ao encontro com o outro, com aquele que é diferente, com o
próximo", completou. Francisco pronunciou esta homilia durante uma missa
na basílica de São Pedro na qual participaram imigrantes e refugiados de 49
países diferentes que levaram suas bandeiras, assim como 70 diplomatas
credenciados na Santa Sé.
Perante
eles, o papa insistiu na necessidade de entendimento entre os imigrantes e as
sociedades que os recebem e ressaltou que ambas partes devem "acolher,
conhecer e reconhecer". Para os primeiros isto implica em "conhecer e
respeitar as leis, a cultura e as tradições dos países que os acolheram",
bem como "compreender os seus medos e as suas preocupações em relação ao
futuro".
Os
segundos, por sua parte, deveriam "abrir-se à riqueza da diversidade sem
ideias pré-concebidas, compreender os potenciais, as esperanças dos
recém-chegados, bem como a sua vulnerabilidade e os seus temores". Na
opinião do papa, o "verdadeiro encontro com o outro não se limita à
acolhida", mas envolve as três ações que já destacou em agosto na sua
mensagem prévia à jornada de hoje: "proteger, promover e integrar". Por
último, Francisco pediu uma "oração recíproca" entre refugiados e as
comunidades locais.
Via: G1
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