Um
novo estudo feito por pesquisadores da Universidade de British Columbia, no
Canadá, e publicado pela revista “Molecular Psychiatry” apontou que as
proteínas responsáveis por causar a doença de Alzheimer podem se espalhar pelo
sangue. A pesquisa chamou ainda mais atenção quando foi constatado, a partir de
testes em camundongos, que ratos saudáveis que compartilhavam sangue com
outros ratos que possuíam placas da proteína beta-amiloide no sangue –
responsável pelo Alzheimer – adquiriam as mesmas placas.
Essa
revelação gerou polêmica entre os cientistas, pois poderia sugerir que pessoas
com demência seriam capazes de transmitir as proteínas relacionadas à condição
por meio de transfusão de sangue. Porém, segundo o autor principal da análise,
professor Weihong Song, as pessoas não devem se preocupar em “pegar” demência
dessa maneira.
“A
proteína amiloide será passada entre pessoas através de transfusões de sangue
independentemente de terem Alzheimer, porque a proteína pode ser produzida fora
do cérebro”, explicou ele. “No entanto, acredito que as chances de desenvolver
placas da doença no cérebro através de transfusão de sangue são mínimas por
causa do baixo nível de troca amiloide”, ressaltou.
Para
comprovar a opinião de Song, outro estudo realizado no ano passado, onde cerca
de 1,4 milhão de pessoas foram analisadas, afirmou que mesmo ao receberem
doações de sangue de pessoas com demência e Parkinson, elas não se tornaram
mais propensas a terem essas doenças. De acordo com a professora Tara
Spires-Jones, do Center for Discovery Brain Sciences da Universidade de Edimburgo
este estudo foi cientificamente interessante para a comunidade médica.
“Isso
é importante para a nossa compreensão das mudanças biológicas e como as
proteínas tóxicas podem se espalhar através do corpo”, disse Jones. O trabalho
também mostrou que a doença poderia começar em outras partes do corpo – como o
fígado ou os rins – antes de se deslocar para o cérebro.
Infectados
artificialmente
Outro
ponto que reforça a teoria de que a doença não poderá ser transmitida através
da troca de sangue é o fato de que os camundongos foram infectados pelos
cientistas com a proteína na versão humana e não desenvolveram a condição
naturalmente
.
Isso
levou os camundongos a desenvolver placas em seus cérebros e sintomas
semelhantes aos observados em pacientes com Alzheimer humano. Esses ratos
infectados com Alzheimer foram então submetidos cirurgicamente a camundongos
saudáveis, fazendo com que eles compartilhem sangue, semelhante a uma
transfusão de sangue. Em quatro meses, os camundongos saudáveis apresentavam
placas meta-amilóides em seus cérebros e sintomas comportamentais da doença.
Origem
A equipe de Song também encontrou
evidências de que a doença de Alzheimer pode começar em qualquer lugar do corpo
antes de viajar para o cérebro. Os cientistas descobriram que as proteínas
tóxicas que levam à doença neurodegenerativa podem se desenvolver no fígado ou
até mesmo nos rins antes de invadir o cérebro.
A
descoberta pode levar a drogas que visam a demência em órgãos que são muito
mais fáceis de tratar, antes mesmo do início dos sintomas e sem agir
diretamente no cérebro, onde o Alzheimer tem sido supostamente originado.
Via: IG
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