O ministro Guido Mantega
propôs um acordo ao Ministério Público Federal no Distrito Federal para
colaborar com as investigações relacionadas ao Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A defesa do ex-ministro propôs que
ele assuma erros, esclareça fatos e colabore com as investigações. Em troca,
Mantega não será alvo de um pedido de prisão preventiva durante o curso da
operação Bullish.
Não se trata de delação
premiada, mas sim de um termo de compromisso. O acordo foi firmado com o procurador
Ivan Marx, que conduz a investigação na Procuradoria do DF, e precisa ser
homologado pelo juiz Ricardo Leite, da 10ª Vara Federal de Brasília. Deflagrada em maio, a
Bullish investiga aportes bilionários do BNDES nas empresas do Grupo J&F,
de Joesley Batista. Em delação premiada, também em maio, o executivo do grupo
falou sobre a intermediação de Mantega para conseguir os repasses.
Mantega já havia indicado
outras vezes que não faria um acordo de delação, o que implicaria confessar
crimes e indicar pessoas que participaram de atos ilícitos. Ele mantém essa
perspectiva até o momento. O termo de ciência e compromisso firmado com o
MPF prevê que o ex-ministro confesse “erros”. A estratégia já foi usada com
investigados da Operação Greenfield, que tramita no mesmo juízo, para evitar
medidas cautelares como o bloqueio de bens.
As informações prestadas por Mantega podem ajudar a resolver um impasse nas investigações que coloca em xeque a delação da JBS. Na colaboração firmada com a Procuradoria-Geral da República, Joesley falou sobre pagamento de propina ao ex-ministro para agilizar as operações no banco.
Os executivos da JBS, no
entanto, alegam que não houve interferência na análise técnica para liberar os
aportes para as empresas do grupo. Ivan Marx argumenta que os delatores estão
mentindo sobre esse ponto, pois as investigações da Bullish teriam apontado
fraudes em contratos do BNDES.
A depender do quanto as informações prestadas por Mantega ajudarem na investigação para entender possíveis irregularidades cometidas no banco, o ex-ministro pode receber um benefício de redução de pena caso seja julgado e condenado.
Se as informações de Mantega
forem conflitantes com as de Joesley, o acordo da JBS poderá ser novamente alvo
de críticas e questionamentos, com possibilidade de revisar os benefícios
concedidos aos executivos do grupo.
Procurada, a defesa do
ex-ministro não quis se manifestar.
Por Estadão Conteúdo
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