Depois
das delações da Odebrecht e da JBS, que provocaram estragos no mundo político e
indignação no país ao revelar esquemas de corrupção arquitetados ao longo dos
últimos governos, será revelada a versão de mais uma empresa sobre conchavos
feitos com o poder público. Chegou nesta sexta-feira ao Supremo Tribunal
Federal (STF) a colaboração premiada de oito executivos da OAS, uma das
empreiteiras acusadas de desviar dinheiro de contratos da Petrobras para pagar
propina a políticos. O material é extenso e tem conteúdo comprometedor para
aliados do presidente Michel Temer, além de atirar nos ex-presidentes Luiz
Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.
O
relator da Lava-Jato no Supremo, ministro Edson Fachin, ainda vai decidir se
homologa ou não a colaboração. Quando todos achavam que a denúncia apresentada
contra Temer na última quinta-feira era a última flechada do procurador-geral
da República, Rodrigo Janot, a delação da OAS aterrissou no dia seguinte no
tribunal para turbinar ainda mais a Operação Lava-Jato. O material foi enviado
à mais alta Corte do país porque os delatores falaram de crimes supostamente
cometidos por pessoas com direito ao foro privilegiado, como parlamentares e
ministros de Estado. Há a expectativa de que integrantes do Judiciário também
tenham sido citados.
As
provas apresentadas pelos delatores incluem montanhas de papel e mídias com
depoimentos gravados. Tudo está protegido por segredo de Justiça. Não há
previsão da divulgação do teor da colaboração. Entre os delatores cujos nomes
estão em sigilo não está o ex-presidente da OAS, José Adelmário Pinheiro Filho,
conhecido como Léo Pinheiro. Ele está preso por ordem do juiz Sergio Moro, que
conduz julgamentos da Lava-Jato na primeira instância. Os depoimentos prestados
por ele ao Ministério Público Federal (MPF) ainda são aguardados no STF para os
próximos dias.
A
delação de Pinheiro promete ser comprometedora especialmente para Lula. Em
maio, advogados do executivo apresentaram a Moro uma série de documentos que
supostamente comprovariam a execução de obras do tríplex no Guarujá e do sítio
em Atibaia, ambos em São Paulo. Os imóveis teriam sido reformados para o uso do
ex-presidente.
Via: O Globo
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